M. Fátima B. – escoliose dorso-lombar

Fiz uma cirurgia à coluna vertebral: artrodese dorso-lombar. A coluna ficou imobilizada desde a dorsal 10 até aos ossos ilíacos. Tenho 18 parafusos.

A decisão de ser submetida a uma cirurgia deste género não foi nada fácil. Tinha muito medo.

Tentei obter o máximo de informação possível acerca destas cirurgias. Verifiquei que a maior parte dos meus receios não tinham razão de ser. Nos dias de hoje o risco é muito menor. Era a única solução que tinha depois de décadas com dores constantes e medicação diária. Andar, era já um grande sacrifício para mim. Aos 50 anos de idade chegava ao meu limite. A minha qualidade de vida era muito má e por isso decidi que tinha de ser operada à minha escoliose.
No dia 13 Setembro de 2013 lá fui eu para o bloco. Só de lá saí após 8 horas de cirurgia.
Quando acordei, a primeira coisa que fiz foi mexer os pés. Era o teste. A primeira etapa tinha sido ultrapassada e agora só dependia de mim, ou seja, recuperar sem pressas para não estragar.
Coloquei-me a zeros. Iniciei uma escala para mim. Assim, o caminho só podia ser para a frente. Devagar. A cada dia uma conquista.
Às 36 horas de cirurgia, levantaram-me e sentaram-me no sofá e após as 48 horas nos cuidados intermédios, fui para o quarto. No dia a seguir já ia à casa de banho e tomava duche com ajuda. No 4º dia experimentei ir sozinha e consegui. Fiz a minha higiene praticamente sem ajuda. Ao 5º dia fui para casa.

Claro que tive dores mas menos do que estava à espera.

Em casa foi fundamental o repouso. Levantava-me de vez em quando para andar pela casa e podia estar sentada numa cadeira por 20 minutos. Também fiz todos os dias movimentos com as pernas que a fisioterapeuta me tinha ensinado e que fazia já no hospital.
Nesta primeira fase, é muito importante a presença de um familiar para ajudar no banho e a vestir. Arranjei um apoio na casa de banho junto à sanita e à banheira.

Nas duas primeiras semanas precisei de ajuda para vestir qualquer peça de roupa, principalmente da cintura para baixo. Na terceira semana já consegui vestir a minha roupa interior sozinha. Foi uma grande vitória. Aos poucos conquistei amplitude de movimentos e equilíbrio no corpo. Comecei a fazer pequenas caminhadas na rua, à porta de casa, durante alguns minutos.

Com um mês e uma semana, larguei a medicação para as dores e comecei a conduzir por curtos períodos. Nesta altura também comecei a fazer reabilitação física. Fisioterapia e hidroterapia. Comecei a sentir melhorias significativas dia após dia. Ganhei elasticidade e segurança nos movimentos.

No dia em que consegui cortar as unhas dos meus pés, foi como se tivesse ganho um troféu. Tinham passado cerca de 8 semanas de cirurgia. Estas pequenas coisas são de uma importância incrível quando estamos algum tempo sem as conseguir fazer.
Em meados de Novembro já conseguia preparar as minhas refeições, tomar banho e vestir-me sozinha. Tinham passado dois meses e meio. Desde então, tenho ganho cada vez mais segurança e velocidade a caminhar e nos movimentos.

Neste momento já passaram seis meses. Estou ainda em recuperação mas faço uma vida praticamente normal. Estou sem as dores que durante décadas me atormentaram e para mim isso é o mais importante.

Sinto que tenho uma vida nova.

M. Fátima B.