Fraturas vertebrais osteoporóticas

A osteoporose é uma doença que provoca fragilidade dos ossos e aumenta a sua suscetibilidade às fraturas. È uma doença que afeta sobretudo as mulheres mais idosas devido a baixa de estrogénios que ocorre depois da menopausa. No entanto esta doença também pode afetar homens, em particular, se houver baixa ingestão de cálcio e, hábitos tabágicos ou alcoólicos pesados. As fraturas vertebrais em doentes osteoporóticos ocorrem, com maior frequência, na região dorsal baixa e na região lombar e caracterizam-se pelo colapso do corpo vertebral que adquire a forma de uma cunha, com perda da altura da sua parte anterior.

Habitualmente, estas fraturas são provocadas por quedas, mas também podem estar associadas a pequenos esforços físicos ou movimentos bruscos de flexão anterior ou rotação lateral do tronco.

Na maioria dos casos, na fase aguda, estas fraturas não estão associadas a compromisso neurológico. São exceção os casos em que a existência simultânea de graves alterações degenerativas pode condicionar o aparecimento de compressão radicular e de ciatalgia.

Nas situações crónicas, o agravamento da deformidade em cunha do corpo vertebral pode provocar uma acentuada cifose regional e a existência de compromisso medular ou radicular

Sintomas

A sintomatologia consiste na raquialgia aguda, dorsal ou lombar, que por vezes é referida à região da bacia. Nos casos de fratura dorsal pode existir dor torácica irradiada em cinturão.

Diagnóstico

O diagnóstico destas fraturas pode ser difícil porque as radiografias iniciais da coluna vertebral podem não revelar alterações. Nestes casos é aconselhável repetir a radiografia alguns dias depois, se a sintomatologia persistir, para realizar o diagnóstico. Na altura do início dos sintomas a estrutura da vértebra fica comprometida, mas o colapso do corpo vertebral só irá ocorrer nos dias seguintes. A radiografia exemplifica uma fratura de L2.

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A TC da coluna vertebral demonstra o colapso do corpo vertebral, mas como nem sempre são visíveis nítidos traços de fratura, nem sempre é possível determinar o tempo de evolução da lesão.

A RM da coluna vertebral é o exame complementar de diagnóstico com maior sensibilidade de deteção deste tipo de lesões porque muitas vezes surgem alterações do sinal do corpo vertebral na ponderação STIR, que estão relacionadas com a existência de edema e inflamação. A RM é também fundamental para fazer o diagnóstico diferencial com fraturas patológicas, associadas a tumores ou infeções. As imagens mostram os cortes sagitais de RM, nas ponderações de T2 e STIR, da fratura de L2.

Tratamento

O tratamento das fraturas vertebrais osteoporóticas consiste no repouso, imobilização vertebral com ortótese e analgesia.

Quando as queixas álgicas significativas permanecem durante 2 a 4 semanas e se se demonstrar o agravamento do colapso vertebral o doente deverá ser submetido a tratamento cirúrgico, a vertebroplastia ou cifoplastia. Esta técnica cirúrgica tem a sua maior eficácia quando é realizada até aos 3 meses de evolução e, a partir desse momento, vai reduzindo progressivamente de eficácia no alívio das queixas álgicas. Habitualmente, desde que exista hipersinal na ponderação STIR da RM, o doente poderá ter algum benefício com o procedimento. Nos casos muito incapacitantes em que dor é muito intensa e impede as posições de sentado ou de pé, o procedimento deverá ser realizado de imediato para evitar os riscos e as consequências de manter um doente idoso acamado.

A vertebroplastia consiste na injeção de um “cimento” , o polimetilmetacrilato (PMMA), no corpo da vértebra, utilizando uma cânula de trabalho introduzida  através do pedículo vertebral. A cifoplastia é uma técnica idêntica, utilizada nos casos de deformação em cunha do corpo vertebral, em que o cirurgião introduz um balão dentro do corpo vertebral, que é insuflado com o objectivo de restaurar altura do corpo vertebral. Dessa forma, pretende-se reduzir as previsíveis dores residuais resultantes da deformidade cifótica regional.

Esta cirurgia é muito eficaz, de baixo risco e o resultado é quase imediato, com alívio das dores e recuperação da mobilidade e autonomia. Não são necessários cuidados especiais no pós-operatório e o doente pode retomar a sua vida normal, desde que não faça esforços físicos

Nas situações crónicas em que a fratura, apesar de consolidada, continua a provocar dores e incapacidade devido à cifose regional ou ao desequilíbrio do balanço sagital, é necessária uma cirurgia de correção da deformidade e estabilização.