Tratamento de Fraturas Vertebrais Osteoporóticas

Vertebroplastia/Cifoplastia

A vertebroplastia consiste na injeção de um “cimento” , o polimetilmetacrilato (PMMA), no corpo da vértebra, utilizando uma cânula de trabalho introduzida através do pedículo vertebral. O “cimento” é introduzido em fase líquida e solidifica dentro do corpo vertebral, restaurando a resistência do corpo vertebral às cargas a que é sujeito no dia-a-dia. O tratamento é realizado de preferência com anestesia geral e o internamento poderá ser inferior a 24 horas. Após a intervenção o doente pode voltar a permanecer de pé com uma redução muito significativa das queixas álgicas. A cifoplastia é uma técnica idêntica, utilizada nos casos de deformação em cunha do corpo vertebral, em que o cirurgião introduz um balão dentro do corpo vertebral, que é insuflado com o objetivo de restaurar altura do corpo vertebral. Dessa forma, pretende-se reduzir as previsíveis dores residuais resultantes da deformidade cifótica regional.

Fratura osteoporótica de L2 tratada com vertebroplastia.

Esta cirurgia é muito eficaz e o resultado é quase imediato, com alívio das dores e recuperação da mobilidade e autonomia. Os riscos da cirurgia são mínimos e o internamento não ultrapassa as 24 horas. Não são necessários cuidados especiais no pós-operatório e o doente pode retomar a sua vida normal, desde que não faça esforços físicos.

Complicações

A complicação mais grave é a extravasação do PMMA para dentro do canal raquidiano causando compressão medular. Esta complicação é muito rara e se ocorrer pode ser identificada durante o procedimento e rapidamente corrigida. Para a correção desta situação é necessário realizar uma laminectomia e remover o PMMA de dentro do canal de forma a descomprimir as estruturas neurológicas.

Pode ocorrer também migração de PMMA numa fase muito líquida para dentro da circulação venosa e ocorrer a sua migração até ao pulmão. Habitualmente são pequenos fragmentos que não provocam lesões pulmonares.

Evolução

A principal preocupação nos doentes com fraturas osteoporóticas da coluna vertebral é a existência de novas fraturas de vértebras adjacentes. Quando esta situação ocorre pode-se fazer uma segunda vertebroplastia mas e necessário avaliar a deformidade cifótica resultante e se necessário tomar medidas para evitar a progressão da doença com fixações mais extensas da coluna vertebral.

Mesma doente com fratura de L3 após vertebroplastia de L2, tratada com fixação entre D12 e L5 para prevenir a deformação cifótica. Foram utilizados parafusos pediculares reforçados com PMMA.

Correção de deformidade cifótica pós-traumática

Nas situações crónicas em que a fratura, apesar de consolidada, continua a provocar dores e incapacidade graves, devido à deformidade grave da coluna vertebral, cifose regional e desequilíbrio do balanço sagital, é necessária uma cirurgia de correção da deformidade e estabilização. A correção da deformidade pode ser feita com osteotomia vertebral ou vertebrectomia e colocação de cilindro anterior de suporte a substituir o corpo vertebral. A estabilização é feita com parafusos pediculares e, porque a qualidade do osso é fraca, deve ser feita em maior extensão, isto é, 2-3 níveis acima e 2-3 níveis abaixo do nível da fratura, e devem ser utilizados parafusos reforçados com PMMA.

Esta intervenção cirúrgica é mais invasiva e tem maiores riscos, e portanto é necessário ponderar cuidadosamente a sua realização selecionando os casos em que as queixas álgicas e a incapacidade são graves e progressivas. O internamento hospitalar é de cerca de 7 dias e a recuperação pode prolongar-se por 3 a 6 meses.

Doente com fratura de D12 consolidada de forma incorreta – grave deformidade cifótica devido ao colapso do corpo vertebral. Tratada com corpectomia e colocação de cilindro entre D11 e L1, correção da cifose e fixação entre D10 e L3. Foram utilizados parafusos pediculares reforçados com PMMA.