Cirurgia da hérnia discal lombar

A intervenção cirúrgica é feita com anestesia geral e com uma abordagem posterior ao canal raquidiano para remoção do fragmento discal deslocado. É feita uma pequena incisão na pele, dissecam-se os planos musculares para atingir os elementos posteriores da coluna e remove-se uma parte do osso e ligamento amarelo que constituem a parede posterior do canal raquidiano. No interior do canal raquidiano removem-se os fragmentos de disco intervertebral deslocados e assegura-se a descompressão da raiz nervosa em sofrimento. Por vezes é necessário remover mais fragmentos discais do interior do espaço intervertebral para evitar a recorrência da hérnia discal.

A localização da hérnia discal dentro do canal raquidiano deve influenciar o tipo de abordagem cirúrgica, que pode ser interlaminar ou extraforaminal. A abordagem interlaminar é a abordagem mais comum e permite tratar hérnias discais mais centrais. A abordagem extraforaminal permite tratar hérnias discais foraminais, mais laterais e tem a vantagem de lesar menos a cápsula articular e, portanto, reduzir a possibilidade de ocorrer dor crónica por instabilidade no futuro.

Hérnia discal L5-S1 esquerda, com volumoso fragmento extrusado no interior do canal a comprimir a raiz de S1. Neste caso a abordagem deverá ser interlaminar.

Hérnia discal L2-3 esquerda, com volumoso fragmento extrusado no buraco de conjugação a comprimir a raiz de L2. Neste caso a abordagem deverá ser extraforaminal.

Esta intervenção pode ser efetuada com técnicas minimamente invasivas, através de pequenas incisões cutâneas e musculares, permitindo uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, e um regresso mais precoce à vida ativa.

Neste tipo de intervenção o internamento é de 24 horas e o período médio de recuperação para retorno à vida ativa é de 30 dias. Este retorno ao trabalho pode ser maios demorado, 60 dias, se a atividade profissional exigir esforços físicos.

Complicações

Durante este procedimento pode ocorrer laceração da dura-máter e saída de líquido cefalorraquidiano, a fístula de líquor, que deve ser reparada imediatamente. Se a reparação não for adequada pode haver perda de líquor pela cicatriz operatória ou ocorrer a formação de uma bolsa de líquor, o pseudomeningocelo. Mais raramente, pode ocorrer um traumatismo ou laceração de uma raiz nervosa

Evolução

Uma pequena percentagem de doentes pode voltar a apresentar lombalgia ou ciatalgia após o tratamento de hérnia discal. A recorrência dos sintomas pode estar relacionada com uma recidiva da hérnia discal, isto é, quando há um novo fragmento do disco intervertebral que se desloca para o interior do canal ou com uma instabilidade intervertebral resultante da lesão discal (ver discartrose) ou das facetas articulares. A RM da coluna lombar pode fornecer-nos indicações úteis para tentar prever a ocorrência de um quadro de instabilidade após a cirurgia de hérnia discal. O cirurgião deve avaliar a existência de discartrose grave, com sinais de Modic nos pratos vertebrais, artropatia facetária ou espondilolistese para decidir qual o melhor tratamento a realizar.

No caso de existir uma recidiva de hérnia discal sem sinais de instabilidade pode ser tentada uma cirurgia semelhante para remover o fragmento discal extrusado.

Quando as queixas são persistentes e incapacitantes, o doente deve ser tratado com uma fusão intervertebral.