Tratamento conservador

A maioria das lesões da coluna vertebral ocorrem nos tecidos moles, músculos tendões ou ligamentos. Estas lesões habitualmente recuperam bem com repouso,  anti-inflamatórios e relaxantes musculares. O repouso deve ser moderado e logo que seja possível o doente deve caminhar e tentar mobilizar a coluna de forma normal.

A ocorrência de uma crise de raquialgia aguda é muitas vezes um sinal de alerta, de que a coluna vertebral está a ser submetida a esforços ou cargas exagerados e superiores ao que as suas estruturas estão aptas para suportar. Se não corrigirmos estes fatores podem surgir lesões crónicas a nível dos discos intervertebrais e das articulações intervertebrais e as queixas podem tornar-se crónicas e condicionar períodos recorrentes de incapacidade.

Portanto, a primeira linha do tratamento conservador deverá ser a prevenção. Para evitar as lesões da coluna deverá ser feito um esforço para corrigir más posturas, esforços exagerados ou realizados de forma incorreta, e uma vida sedentária. O exercício físico para fortalecer a musculatura paravertebral e aumentar a flexibilidade da coluna é fundamental para obter a proteção adequada das suas estruturas e dar resistência para suportar as atividades diárias.

Fisioterapia

A fisioterapia inclui um conjunto de tratamentos variado que devem ser adaptados ao tipo de situação clínica que está em tratamento. No caso de lesões agudas mais intensas e duradouras os tratamentos devem incluir ultrassons, estimulação elétrica, calor e/ou gelo, massagem e mobilização dos tecidos moles, manipulação/mobilização articular e exercícios de alongamento e flexibilidade para aliviar a dor. Numa segunda fase, quando já se alcançou um alívio significativo das dores, poderão ser iniciados exercícios de fortalecimento muscular do core, correção da mecânica corporal, correção postural e criação de um programa de exercícios para realizar no domicílio.

Hidroterapia

A hidroterapia tem potencialidades exclusivas devido às propriedades específicas de água. Essas propriedades permitem diminuir as forças de compressão articular, podem reduzir a inflamação e fornecer informações para melhorar a postura. A resistência da água durante o exercício fornece um ambiente seguro para a melhoria dos défices de equilíbrio, força ou postura. Para os doentes que têm dificuldade de realizar exercício no ginásio, a hidroterapia fornece um meio confortável e terapêutico que possibilita uma melhoria da força e resistência.

Massagem

As massagens têm um efeito relaxante e benefícios importantes para os doentes que sofrem de raquialgias. A massagem aumenta a circulação no local da dor, liberta endorfinas e reduz as toxinas na musculatura. Estes efeitos resultam em redução da inflamação, alívio do espasmo muscular, recuperação da mobilidade e controlo da dor. Além dos benefícios físicos, a massagem tem um importante impacto psicológico, fornece uma sensação de calma e baixa os índices de ansiedade.

Manipulação/mobilização

Este tipo de tratamentos estão habitualmente associados à osteopatia e podem ser uma arma importante no tratamento das raquialgias agudas sem sinais de compromisso neurológico. Sempre que houver sintomas sugestivos de sofrimento neurológico, isto é, dores ou dormência nos membros, estes procedimentos devem ser bem ponderados. A manipulação implica a realização de movimentos bruscos, de alta velocidade, aplicados sobre a coluna vertebral, habitualmente para além do limite fisiológico das articulações. A mobilização é feita com movimentos de baixa velocidade dentro do limite fisiológico das articulações. Nas crises de raquialgias agudas existe um bloqueio entre duas ou mais vértebras, devido ao intenso espasmo muscular, que impede a sua mobilidade normal. Não existem verdadeiras luxações ou “ossos fora do lugar” como vulgarmente se afirma. A virtude das técnicas de manipulação consiste no alívio de forma rápida da situação de bloqueio intervertebral, favorecendo o relaxamento muscular, o alívio da dor e a recuperação da mobilidade.

Acupuntura

A acupuntura tradicional baseia-se na antiga teoria chinesa que existem fluxos de energia que percorrem o corpo, através dos chamados meridianos. Nesta teoria a doença e a dor são o resultado de um desequilíbrio no fluxo de energia do corpo (chi).

Através da inserção de finas agulhas em pontos específicos ao longo de meridianos, o fluxo de energia é controlado e reequilibrado no corpo. A acupuntura data do primeiro século A.C. na China, durante a época da dinastia Han (206 A.C. – 220 D.C.). Este tipo de tratamento não é ainda totalmente compreendido pela Medicina Ocidental, mas existem teorias que explicam o seu sucesso pela libertação de endorfinas a nível dos músculos, medula espinhal e cérebro. Aparentemente, a acupuntura tem maior eficácia na dor que resulta da inflamação muscular e articular, do que na dor neuropática ou de inflamação radicular.

Infiltrações na coluna

As infiltrações consistem na administração de corticoides e anestésicos locais no espaço epidural, nas facetas articulares ou em torno das raízes nervosa, no seu trajeto foraminal e extraforaminal. O objetivo das infiltrações nas crises agudas é obter um alívio rápido da dor e permitir iniciar outro tipo de tratamentos, como a fisioterapia. Nas situações crónicas, as infiltrações permitem orientar o diagnóstico e identificar com maior precisão a estrutura que está inflamada e é a causa da dor. Habitualmente o efeito do medicamento é transitório e poderá ser necessário repetir o procedimento.

Rizotomia facetária com radiofrequência

A rizotomia facetária fundamenta-se na teoria de que lesando os nervos que enervam as facetas articulares irá ocorrer um alívio da dor. Só deve ser realizada quando as infiltrações facetárias com anestésicos resultaram em 80% do alívio da dor, porque é sabido que a raquialgia tem origem em várias estruturas. Se for bem sucedida a rizotomia facetária com radiofrequência pode dar um alívio prolongado das dores.

Tratamento Multidisciplinar

As raquialgias crónicas são problemas de saúde multifatoriais e para o sucesso do seu tratamento é necessário considerar aspetos de ordem física, psicológica, comportamental, social e laboral. Os programas de tratamento multidisciplinar devem incluir várias especialidades médicas, cirurgiões de coluna, fisiatras, médicos especializados em tratamento da dor crónica, médicos de Medicina do Trabalho, Neurorradiologistas de intervenção, em estreita relação com outros profissionais de saúde: fisioterapeutas, osteopatas, acupuntores, psicólogos e fisiologistas do exercício.

O trabalho em equipa permite o intercâmbio de experiências e a orientação e cada caso clínico em particular para o tratamento que melhor possa ajudar o doente.