Espondilose

Espondilose1   A espondilose é o termo aplicado às lesões que resultam do desgaste das várias estruturas da coluna vertebral, ossos, articulações, discos, ligamentos e músculos. Etas alterações ocorrem mais cedo na coluna vertebral do que nas outras articulações do nosso corpo e são visíveis por ressonância logo no final da adolescência. Os fatores predisponentes desta situação têm natureza constitucional/genética e ambiental/comportamental. A posição bípede e a sobrecarga que é exercida sobre a coluna vertebral é seguramente um dos aspetos mais negativos da evolução da espécie humana. Os aspetos genéticos que têm tradução constitucional estão relacionados com a “qualidade” do tecido conjuntivo presente nos ossos, ligamentos e articulações, as dimensões do canal raquidiano e o controlo dos movimentos. Entre os aspetos ambientais/comportamentais estão a má qualidade da dieta, o excesso de peso, a vida sedentária, as posturas incorretas, os hábitos tabágicos e a realização de esforços físicos que impliquem sobrecarga excessiva sobre as estruturas da coluna. A preocupação de incutir hábitos de vida e comportamentos saudáveis para coluna vertebral deve começar logo na infância.

Espondilose2A fisiologia e mecânica de um disco intervertebral é um excelente exemplo da maravilhosa de engenharia da natureza. Não tem vascularização e mantém a sua elasticidade à custa de um elevado teor em água que se mantém por trocas permanentes com os pratos vertebrais. Estes discos intervertebrais são almofadas cartilagíneas que atuam como amortecedores. Cada disco tem um anel fibroso externo constituído por fibrocartilagem, chamado anel fibroso, que confere estabilidade e uma estrutura central gelatinosa, o núcleo pulposo, que é altamente elástica. Os discos permitem os vários movimentos da coluna vertebral e absorvem as cargas exercidas verticalmente.

O processo degenerativo da coluna vertebral é uma cascata de acontecimentos com origem no prato vertebral que é considerado o elo mais fraco. Desde muito cedo a pressão exercida sobre o disco intervertebral vai-se repercutir nos pratos vertebrais que inicialmente são planos e que devido a estas cargas se vão tornando côncavos. À medida que o prato vertebral se torna côncavo vai diminuindo a pressão intradiscal. Como o teor de proteínas do núcleo pulposo, indispensável para uma adequada troca de água com o prato vertebral, está dependente da pressão intradiscal, quando esta desce, o teor de proteínas também diminui e por consequência, vai haver menor entrada de água no disco.

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Nesta fase o disco começa a ficar mais desidratado, logo, menos elástico e menos capaz de absorver as cargas exercidas diariamente sobre a coluna vertebral. No disco com deficiência de hidratação vão ocorrendo fissuras por onde poderá ocorrer a migração de fragmentos do núcleo pulposo e dar origem a hérnias discais.

Na continuidade do processo degenerativo quando existe uma redução da altura do disco ocorre um acentuado aumento da pressão sobre as facetas articulares. Estas que estavam preparadas para suportar cerca de 16% da carga que é exercida sobre a coluna lombar, poderão ter que suportar cargas que chegam aos 70%. As articulações começam então a apresentar desgaste e deformação a nível da cartilagem e das cápsulas articulares e formam-se artroses.

Esta fase do processo degenerativo, que corresponde à 3ª, 4ª e 5ª década, é aquela em que ocorrem mais queixas álgicas e mais situações de compromisso funcional dos indivíduos.

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A partir desta fase irão começar a formar-se osteófitos em torno dos pratos discais que conduzirão a uma estabilização intervertebral que, quando atingida, permite uma significativa melhoria das queixas álgicas. Portanto, ter a coluna mais estável e rígida, devido aos osteófitos (“bicos de papagaio”), desde que estes não provoquem compressão das estruturas nervosas, poderá ser vantajoso e compatível com uma melhoria da qualidade de vida.